segunda-feira, 31 de maio de 2010

Infinito enquanto dure

Ah, e dizer que isto vai acabar, que por si mesmo não pode durar. Não, ela não está se referindo ao fogo, refere-se ao que sente. O que sente nunca dura, o que sente sempre acaba, e pode nunca mais voltar. Encarniça-se então sobre o momento, come-lhe o fogo, e o fogo doce arde, arde, flameja. Então, ela que sabe que tudo vai acabar, pega a mão livre do homem, e ao prendê-la nas suas, ela doce arde, arde, flameja.
Trecho do livro Onde estivestes de noite, de Clarice Lispector.

Um comentário:

  1. Que abrase e flameje todas as chamas... e aproveitamo-las enquanto são... Elas nos (re)conectam com nossos mais arcaicos e pulsantes instintos.

    Bjs,
    Ramirez Gurgel

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