sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O inatingível

Foi numa dessas manhãs sem sol que percebi o quanto já estava dentro do que não suspeitava. E a tal ponto que tive a certeza súbita que não conseguiria mais sair. Não sabia até que ponto isso seria bom ou mau – mas de qualquer forma não conseguia definir o que se fez quando comecei a perceber as lembranças espatifadas pelo quarto. Não que houvesse fotografias ou qualquer coisa de muito concreto – certamente havia o concreto em algumas roupas, uma escova de dentes, alguns discos, um livro: as miudezas se amontoavam pelos cantos. Mas o que marcava e pesava mais era o inatingível.
Caio Fernando Abreu.


Um comentário:

  1. Com certeza o que marca é o inatingível. O que existe de concreto são apenas detalhes,
    tem selo pra vc lá no blog,
    bjus*:)

    ResponderExcluir